Maria Helena Magalhães Sarmento Afonso (*)
Escutei uma música hoje que me inspirou a escrever este artigo: El Condor Pasa. A música pertence ao folclore peruano do altiplano dos Andes e foi transmitida anonimamente de geração para geração e é considerada o segundo hino do Peru, identificando os peruanos em qualquer parte do globo.
Em 1913, um compositor chamado Daniel Alomia Robles deu a forma definitiva à música, e posteriormente a registrou como sendo sua, em 1933. Calcula-se que existam mais de 4.000 versões e 300 letras ao redor do mundo. Ela não tem uma letra original e, por isso, praticamente todas as letras que escutamos são consideradas apócrifas. A mais famosa delas é a de Paul Simon, grande sucesso popular de 1970. Embora seja um belo poema, não tem nada a ver com condores, muito menos com o Peru.
Esse país é uma grande mescla de raças e culturas. Os espanhóis somaram-se à população nativa há aproximadamente 500 anos e o produto desse encontro, enriquecido posteriormente com as migrações de negros, asiáticos e europeus, é o homem peruano, representante de uma nação cuja riqueza étnica constitui uma de suas mais importantes características.
Como parte de sua riqueza cultural, no Peru, coexiste uma grande variedade de línguas nativas. O espanhol é o idioma de uso comum e o quéchua é uma importante herança do passado inca. Além desses, existem outros dialetos e 43 línguas diferentes. É um país de culturas e tradições milenares e de muito sincretismo religioso. Geração após geração, as tradições são mantidas e ensinadas aos descendentes.
O Peru é um país de cultura e de tradições milenares. Os indícios da herança inca podem ser comprovados em Machu Picchu e na cidade de Cuzco, considerados patrimônios da humanidade.
Entre o povo peruano são encontradas muitas manifestações artísticas. Uma das tradições encontradas no país é a arte de tecer. A atividade é exercida principalmente entre as mulheres, que transformam as fibras de lã da Ihama, a lã da vicunha e do algodão em belíssimas peças em que as cores, os desenhos e a decoração com motivos geométricos estão sempre presentes.
Outro aspecto cultural que é característico do povo peruano, desde a antiguidade, é a arte dos ourives. O país é rico em minerais e pedras semipreciosas, o que tornou possível o desenvolvimento e o aprimoramento do trabalho artesanal ao longo de sua história.
As culturas pré-incas também trouxeram forte influência na tradição ceramista do povo peruano. As técnicas ancestrais e os desenhos coloniais têm servido de inspiração aos ceramistas de hoje para moldar belíssimas peças. Esses são apenas exemplos da enorme riqueza e variedade presente na cultura artesanal peruana.
Antes de citarmos mais alguns detalhes curiosos sobre essa cultura tão diversa, seria interessante lembrar que os conflitos culturais ocorrem, em geral, quando pessoas de culturas diferentes entram em contato.
Em virtude disso, para ter sucesso na carreira, todo executivo deve se preocupar em desenvolver uma competência importantíssima para os negócios atuais: a inteligência, sensibilidade ou competência cultural e, para mergulharmos em uma cultura diferente, devemos, antes de tudo, ter a mente aberta e nos livrarmos de preconceitos ou ideias pré-concebidas, que em geral são baseados na nossa própria experiência cultural.
Um grande exemplo de costume “diferente e estranho” é o típico suco de rã tomado em Surquillo, um bairro de Lima. Isso mesmo! As rãs estão vivas e ficam todas amontoadas num aquário, e quando o cliente pede um suco, o vendedor pega a rã e dá algumas batidas numa mesa para ela morrer, retira a pele e bate no liquidificador juntamente com outros produtos que irão ajudar na saúde da pessoa que o tomar. Um pouco difícil para outras culturas, não?? Você experimentaria?
Outro ritual que pode nos deixar angustiados e é considerado um tabu alimentar, é a festa de Santa Ifigênia, chamada de “Festa do gato”, onde centenas de gatos são abatidos para o consumo humano.
Embora vários manifestantes do país tenham começado uma onda de protestos para evitar que a festa e esse costume continuem sendo realizados na cidade de La Quebrada, é tido pela população como uma das manifestações da celebração religiosa de Santa Ifigênia.
Outra curiosidade refere-se ao relacionamento interpessoal. No Brasil, é comum as pessoas usarem e abusarem dos gestos para se expressarem. Muitas vezes, mal acabamos de conhecer a pessoa e já estamos brincando, abraçando, encostando as mãos no ombro etc. Para os peruanos, esse tipo de comportamento não soa bem. Tem outro significado. Para abraçar ou tocar na pessoa, somente quando já se tem muita afinidade.
Tanto os homens quanto as mulheres apertam as mãos quando chegam e quando partem. Bons amigos podem até substituir o aperto de mão pelo abraço, acompanhado de tapinhas vigorosas nas costas. As mulheres abraçam-se levemente e roçam os rostos como se estivessem se beijando.
Os homens e mulheres peruanos podem ser vistos andando de braços dados com pessoas do mesmo sexo. Isso simplesmente sinaliza amizade.
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(*) Maria Helena Magalhães Sarmento Afonso é mestre em Comunicação, com pós-graduação em Sucesso Empresarial e Marketing Internacional e cursos de extensão em Marketing e Comércio Exterior na FGV. Coach certificada pela Integrated Coaching Institute. Diversos cursos no exterior sobre temas internacionais e interculturais. Palestrante internacional, professora de pós-graduação da Universidade Mackenzie e diretora da DBI Foreign Trade.