Fatores economicamente desfavoráveis impedem o reajuste salarial

 

Segundo Hélio Zylberstajn, para voltar ao nível de ocupação de antes da pandemia, seria preciso criar 10 milhões de ocupações

 

Por: Jornal da USP

O Brasil completa um ano sem reajustes no salário mínimo, mantendo seu valor atual abaixo da inflação prevista para o ano de 2021. De acordo com dados levantados pela pesquisa da Fipe, por mais que não tenha havido uma manutenção do salário mínimo houve medidas que contribuíram para a manutenção nos níveis de ocupação durante a pandemia.

“O que nós constatamos é que nos últimos 12 meses a mediana dos reajustes ficou abaixo da inflação”, contou ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição Hélio Zylberstajn, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP e coordenador do Projeto Salariômetro da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). De acordo com ele, devido à queda da demanda de trabalho, as empresas passaram a contratar menos, gerando uma desvalorização do valor da mão de obra, sendo possível notar a queda nesse valor em momentos de reajuste, onde nota-se que não se consegue cobrir a inflação. 

De acordo com Zylberstajn, uma das medidas que conseguiram sanar os efeitos dessa falta de reajuste foi a possibilidade da empresa e funcionário negociarem diretamente. Esse é um quadro generalizado, especialmente para as micros e pequenas empresas, por não ter conhecimento ou não ter instrumentos para negociar com o sindicato saídas que evitem o aumento da taxa de desocupação e gere a manutenção salarial dentro de limites possíveis. 

Em relação à inflação, o coordenador do Fipe classifica que o País encontra-se no meio de uma tempestade perfeita de fatores que aumentam os efeitos inflacionários. Com uma taxa de desocupação enorme, uma quantidade de trabalhadores desalentados que estão fora do mercado e a inflação, que corroeu o poder aquisitivo, o País sofre com uma crise que não consegue cobrir os efeitos da queda causada pela pandemia. No entanto, o especialista considera que medidas e órgãos trabalhistas que buscam implementar políticas públicas para proteger o trabalhador conseguiram, de alguma forma, minimizar os impactos dessa crise. 

“Para voltarmos ao nível de ocupação de antes da pandemia, nós precisaríamos criar 10 milhões de ocupações”, afirma Zylberstajn, ao comentar as perspectivas para o futuro. Segundo ele, é necessário que haja um crescimento nas taxas de ocupações rapidamente para combater essa crise; no entanto, destaca que isso deve ocorrer quando os empresários e empresas tiverem confiança de que seus investimentos irão manter um crescimento constante.

Leia o artigo original no Jornal da USP.

Adicionar comentário


Conteúdo Relacionado