Entenda como funciona a educação domiciliar

Tendência é crescente no país; pedagoga dá prós e contras (*)

O número de pais que assumem a educação dos filhos em casa tem crescido no Brasil. De acordo com a Associação Nacional de Educação Domiciliar (Aned), entre os anos de 2011 e 2016, a prática do ensino doméstico aumentou 916% no país.

Segundo a Aned, cerca de seis mil crianças brasileiras substituíram o aprendizado escolar pela educação domiciliar. Apesar de o Ministério da Educação (MEC) não reconhecer esse tipo de educação como uma modalidade de ensino, ela tem sido vista como solução, principalmente por pais insatisfeitos com o ensino público, mas sem condições de inserir seus filhos em escolas particulares.

Para Tânia Medeiros, coordenadora pedagógica do Sistema Maxi de Ensino, a educação domiciliar tem prós e contras e deve ser muito bem pensada pelos pais antes de defini-la como o formato de aprendizagem para os filhos. “A proximidade com a família, a flexibilidade do conteúdo didático, a inspiração do momento e até mesmo a possibilidade de a criança focar na área de conhecimento em que se identifica são pontos positivos presentes nessa modalidade”, diz.

Por outro lado, ressalta Tânia: “a falta de disponibilidade dos pais em passar o conteúdo e a falta de conhecimento específico por parte de quem ensina devem ser vistos como importantes obstáculos, somados a ausência de atividades que enriquecem a formação do aluno, como a troca de experiências com os colegas, os trabalhos em grupo, a participação em projetos escolares, sem deixar de citar a oportunidade de socialização”.

Para os pais que optam pela educação domiciliar, a coordenadora do Sistema Maxi de Ensino destaca alguns cuidados essenciais. “É preciso criar uma rotina de estudos para a criança, como acontece na escola. Estabeleça regras, estipule conteúdos didáticos que sigam a Base Curricular e mantenha-se firme a eles, buscando previamente conhecimento nas matérias, para transmitir ao filho com mais embasamento. Também é fundamental procurar atividades com que a criança possa se socializar, além de proporcionar a ela momentos dedicados a algum tipo de atividade física”, orienta.

Falta de regulamentação é o maior obstáculo

O fato de a educação domiciliar não ser regulamentada impossibilita qualquer emissão de certificados de conclusão, seja para o Ensino Fundamental, seja para o Ensino Médio, o que se traduz em grande obstáculo para a sequência dos estudos e até mesmo para o ingresso no mercado de trabalho.

Há uma opção, que é a realização do exame Encceja (Exame Nacional de Certificação de Competência de Jovens e Adultos), para a obtenção dessas certificações, mas, para fazê-lo, é preciso preencher alguns requisitos.

“Toda essa situação exige dos pais uma análise bem criteriosa antes de tomar a iniciativa de lecionar para os filhos em casa. Até pode haver famílias que consigam dar aparato similar ao de uma escola, mas essa não é a realidade do nosso país”, diz Tânia Medeiros.

De acordo com a pedagoga, vale ainda mencionar que outros fatores também são levados em consideração referentes à falta de regulamentação da educação domiciliar. “Hoje, quando falamos de crianças fora da escola, estamos falando de desobediência de direitos garantidos em lei, o que requer muita atenção dos pais ao pensar nesse formato e processo de aprendizagem. O Conselho Tutelar pode ser acionado e os pais podem responder judicialmente pela ausência do filho em uma instituição de ensino”, alerta Tânia.

Regulamentar a educação domiciliar representa um risco, segundo a visão da pedagoga: “uma vez que poderemos ter pais entusiasmados, preocupados em afastar a criança da vida escolar e de toda a socialização que a instituição oferece em busca de economia financeira e, ainda mais grave, sem disponibilidade, foco, comprometimento e formação acadêmica ideal para substituir a figura do professor”.

“Justamente por conta desse conhecimento, além da tão relevante socialização, a melhor saída continua sendo a educação na escola, de modo que, em caso de alguma dificuldade por parte da criança, os pais devem buscar apoio de outros profissionais que a auxiliem em atividades extra-classe”, conclui a pedagoga Tânia Medeiros.

 Fonte: Assessoria de Imprensa do Sistema Maxi de Ensino

(*) Este artigo foi publicado originalmente em 25-08-2017

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