O presente e o futuro do livro eletrônico – Parte 2

[...]   Isso veio um pouco depois do MP3, uma forma de compactar arquivos de áudio até um tamanho que pudesse ser enviado pela internet em pouco tempo. Converter um CD em MP3 era relativamente fácil e logo as pessoas compartilhavam seus CDs.  A informação digital é diferente de todas as outras formas, pois a cópia é igual ao original, e tem um custo muito baixo. Um arquivo de computador é sempre igual a sua cópia, e isso ameaça um mercado que sempre se pautou pelo domínio físico do suporte (CD, livro etc.).

Antes do computador, copiar informação era mais difícil e o resultado era sempre pior que o obtido pelas máquinas da indústria fonográfica ou editorial. Basta comparar um cópia por xerox ou fita cassete com o original para ver que muito se perdia ao copiar.
Ameaçada por isso, a indústria fonográfica decidiu processar o Napster por violação aos direitos autorais. Cópias de material protegido por direitos autorais só podem ser feitas com autorização dos seus donos, regra que não foi respeitada nas trocas de arquivos. O resultado do processo foi o fechamento do Napster, o que deu início a outras redes de compartilhamento de arquivos, como o Kazaa, eMule e outros. Estas eram fundamentalmente diferentes do Napster, pois operavam sem um servidor central. Os usuários se conectavam diretamente uns com os outros, no que ficou conhecido como rede P2P (peer-to-peer ou computador com computador). Como não existia mais o servidor central, era impossível tirar essas redes do ar como foi feito com o Napster. A indústria perdeu o controle sobre o suporte e depois perdeu a chance de oferecer a venda de MP3 legalizado e fácil por uma rede central. Sem lugar para comprar MP3, era muito mais fácil copiar e uma geração de consumidores se formou tomando isso como natural.
O mercado editorial não foi afetado por essas redes, pois ainda detinha o controle sobre o suporte físico. É muito mais difícil digitalizar um livro do que converter um CD em MP3. Os livros piratas que circulam pela internet são geralmente copiados pelos usuários. Além disso, a leitura em tela é diferente do papel, ainda não existiam dispositivos projetados especificamente para isso. Mesmo depois do surgimento do Sony Reader, foi só com o leitor da Amazon (o Kindle) que apareceu uma plataforma conectada às editoras, que puderam oferecer títulos que funcionam tão bem quanto o sistema anterior.
Por Pedro Filardo para o Professornews

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