Jovens pagam preço alto por endividamento

Dicas de finanças pessoais que valem também para professores com filhos e/ou sobrinhos em início de carreira

marcelo maron

Marcelo Maron (*)

A desinformação financeira vem afetando de forma crescente a vida de jovens entre 21 e 30 anos, que chegam ao mercado de trabalho e começam a receber salário e ofertas de crédito.

Segundo estudos do Instituto de Economia Gastão Vidigal, da Associação Comercial de São Paulo, 41% dos paulistanos com essa idade não têm condições de honrar os débitos. No início do ano passado, esse grupo representava 28% dos devedores.

Para Marcelo Maron, diretor executivo do Grupo PAR e palestrante sobre finanças pessoais, muitos jovens estão descobrindo da pior forma possível, o que um cadastro negativado pode fazer de ruim na vida das pessoas. “Embora as taxas de juros sejam mais baixas que no passado, ainda possuímos os juros mais altos do mundo.

E as dívidas que as pessoas contraem e não conseguem pagar podem fazer um estrago gigantesco nas finanças pessoais, durante longos anos. Isso poderá significar uma ficha negativa para a obtenção de qualquer financiamento durante muito tempo, incluindo o da casa própria.

O pior é que o cadastro negativado gera ainda uma dificuldade para se obter um emprego. Embora ainda ilegal, a consulta de cadastro para contratação já conta com jurisprudência favorável em tribunal superior. Além disso, sejamos realistas, a consulta ao cadastro de qualquer pessoa pode ser feita sem qualquer registro e, ainda por cima, é impossível provar que o motivo da não contratação tenha sido esse, e não qualquer outro”, alerta o consultor.

De acordo com Maron, a sociedade brasileira não tem uma cultura financeira. Os pais, por não terem boas informações a respeito de gestão de finanças pessoais, deixam de orientar os filhos sobre os riscos do crédito e da inadimplência.

“Na educação escolar brasileira não há qualquer orientação para preparar os jovens no sentido de preservar sua saúde financeira. E chega a ser surpreendente; nem nas universidades você encontra esse tipo de orientação”, alerta Maron.

Por não terem garantias a oferecer, como bens, por exemplo, os jovens acabam se submetendo a empréstimos com taxas de juros mais elevadas. Maron assinala que não é raro um financiamento representar, ao final, três vezes o valor do bem. Nos cartões de crédito e cheque especial, considerados empréstimos de fácil contratação, a situação é ainda pior:

“A facilidade de se realizar o 'pagamento mínimo' é o primeiro passo rumo ao suicídio financeiro. Para se ter uma ideia, um computador que custa apenas R$ 1.500,00, comprado num cartão de crédito, pode se transformar numa dívida enorme, se for rolada durante anos”, explica Maron.

Para o especialista, é fácil compreender porque o endividamento dos jovens vem crescendo a taxas assustadoras. Quando certas situações ultrapassam a questão meramente técnica da matemática financeira, aí mesmo é que os devedores precisarão de uma orientação mais profunda, sobre como conduzir e se portar em negociações com credores. E, sobretudo, que tipo de acordo devem aceitar ou não.

Maron recomenda que os jovens busquem educação financeira, pois isso será útil para a vida toda. “Poucos percebem que toda uma carreira profissional pode ser comprometida no nascedouro se os jovens começarem a se perder em endividamentos difíceis de honrar. Uma ficha suja em órgãos de crédito pode impedir a conquista de um bom emprego e comprometer a vida profissional do jovem de modo irreversível”, alerta.

(*) Marcelo Maron é mestre em Economia Empresarial pela Universidade Cândido Mendes, com MBA Executivo com ênfase em Seguros pelo IBMEC. Foi coordenador do Setor de Programação Financeira da Gerência de Marketing da Petrobras e superintendente de administração da PAR Corretora de Seguros. Hoje é diretor executivo da FPC Participações Corporativas, holding do Grupo PAR, além de atuar como consultor de finanças pessoais e professor de matemática financeira da Universidade Euroamericana de Brasília.

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