Professor, quantos papéis você desempenha na vida?

Psicóloga Vanessa Ziareski ministra palestra sobre autoconhecimento

suzana ziareskiNa vida profissional e pessoal, quantos papéis um professor precisa desempenhar durante o dia? A pergunta não tem uma resposta simples, já que não é fácil dividir-se entre a profissão da didática em sala de aula ou desenvolvimento de pesquisas, e aliar tudo isso com o convívio familiar, diversão e vida amorosa.

No entanto, uma pessoa consegue manter-se a mesma em todos esses meios sociais? Para a psicóloga Vanessa Camillo Ziareski, a resposta é “Não”, já que as pessoas desenvolvem vários papéis em seus círculos de convívio.

Num bate-papo descontraído com o Portal Professornews, a especialista explica como as pessoas vestem “máscaras” em seu cotidiano e argumenta sobre a necessidade e a importância de se autoconhecer.

Professornews: Geralmente, nos ambientes profissionais, acadêmicos e de amizade, buscamos comportamentos superiores ou iguais de cordialidade e lealdade de outras pessoas, ou seja, como diz o velho ditado “Faço aos outros o que gostaria que fizessem comigo”. Quando isso não ocorre, entendemos que está havendo uma mudança de valores?

Vanessa Ziareski: Os valores não estão se perdendo. Acontece que hoje, as pessoas são mais individualistas. Por exemplo, nós criamos uma grande expectativa em torno do parceiro, do professor ou até mesmo de um curso que fazemos. E quando não acontece o retorno que esperávamos nos decepcionamos. Isso porque olhamos somente para a nossa necessidade e avaliamos pouco o quanto o outro tem condições de atender a nossa expectativa.

Professornews: “Gostas tanto assim? Leve para você”, é uma frase em que proferimos após ouvirmos um elogio a um parente nosso do qual não temos um relacionamento muito harmonioso. Por que é mais fácil magoar a pessoa que amamos do que outra que mal conhecemos?

Vanessa Ziareski: Essa é uma questão muito interessante. É mais fácil ser legal e interessante com uma pessoa que conheço pouco, porque para essa pessoa mostraremos qualidades e aspectos positivos de nossa personalidade, já com pessoas que temos maior intimidade nos mostramos por completo, incluindo defeitos e fragilidades e quanto maior a intimidade, mais você espera compreensão e perfeição dessa pessoa.

Professornews: Alta exigência até em família...

Vanessa Ziareski: A gente tem mais expectativa das pessoas que amamos, não aceitamos imperfeições, sempre queremos o máximo. Se eu sou sua colega de trabalho, chego no escritório e não te cumprimento, você já imagina que não estou bem, e você vai entender isso. Mas se um filho recebe a mãe, e esta não o cumprimenta, ele logo vai se preocupar e indagar o que está se passando, seja por um problema com ela ou por desconfiar que há algo errado no relacionamento deles que ele desconhece.  E na maioria das vezes não questiona sobre o ocorrido e começa a fantasiar que a mãe não o ama, ou que ela é insensível com ele e por uma situação pequena começa a se construir uma barreira no relacionamento.

Professornews: A senhora diz que as pessoas não conseguem ser as mesmas em todos os lugares, como isso é possível?

Vanessa Ziareski: Em cada lugar que estamos representamos Papéis o que nos pede uma  “máscara” para cada cenário. Um bom exemplo são as pessoas que assumem os papéis de liderança. Para lidar com uma situação de resultado ou com uma equipe pouco disciplina, muitas vezes tem que se adotar uma postura mais enérgica, mas não significa que esse individuo seja uma má pessoa ou que terá essa postura o tempo todo. Todo indivíduo carrega consigo o seu caráter e sua personalidade que são construídas com o tempo, pois as vivencias e os papéis que exercemos nos fazem repensar valores e nesse processo de rever nossos valores abrimos oportunidades para o aprendizado e a evolução. Ainda sobre o exemplo do chefe enérgico, o próprio funcionário que é chamado à atenção, pode tirar do chefe que o melhor de sua personalidade e os dois podem aprender com essa situação.

Professornews: Com a correria do dia a dia, como o professor consegue se adaptar aos novos tempos, sem que ele se sinta pressionado por ele mesmo ou por seus alunos?

Vanessa Ziareski: Até há cerca de 15 anos, os professores eram vistos como autoridades incontestáveis. Mas os novos tempos exigiram um novo papel para os profissionais da educação que é o “professor facilitador”, que precisa estar próximo dos seus alunos e entender como eles aprendem. Nesse conceito, o professor também torna-se um aprendiz. Ainda existem professores à moda antiga, que são detentores do conhecimento e só o despejam aos estudantes. Mas esse profissional passará por uma crise em sala, se, nesse estilo, encontrar uma classe disposta a debater e contestar. Dessa forma, para que o professor possa ter melhores resultados é importante que encontre formas de construir o conhecimento junto com seus alunos, considerando seu ponto de vista e conhecimento prévio sobre o assunto.

Nota do Redator: A psicóloga ministrará a palestra Autoconhecimento, Papéis Sociais e Crise, em 22 de janeiro de 2013, na Wall Street Institute, Unidade Berrini, que fica no Shopping Nações Unidas, na Avenida das Nações Unidas, 12.901, 1º subsolo, Loja 146A. Brooklin Novo, São Paulo-SP.

Fotos e reportagem: Alexandre César

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