Fórmula para criar supercampeões no ensino médio

No livro “As Crianças Mais Inteligentes do Mundo”, de Amanda Ripley, existe a fórmula básica para reverter esse quadro

Ashs-students-studyingMilhões de jovens se debruçam sobre as provas do Enem, o que é comum nessa fase da vida, já que esses testes podem definir a vida profissional e acadêmica de cada um deles, aqui ou em qualquer outro país, porém, a generalização para por aí.

No artigo "O mapa do tesouro", publicado na Revista Veja do último 12 de novembro, Lizia Bydlowski compara a situação do ensino no Brasil com a dos países campeões em ensino. Segundo a jornalista, a diferença está na boa qualidade de ensino que o jovem recebe até chegar aos exames, enquanto, no Brasil, os alunos recebem formação de baixa qualidade.

Lizia Bydlowski diz que, no livro “As Crianças Mais Inteligentes do Mundo”, de Amanda Ripley, existe a fórmula básica para reverter esse quadro. Nele, encontramos exemplos de três países que fizeram reformas em seu sistema de ensino (Coréia do Sul, Finlândia e Polônia) e agora formam com eficiência bons alunos.

Para essa transformação, não foi necessária uma população de jovens superdotados, mas sim que o governo priorizasse a modernização e a melhora dos currículos, além de treinar e preparar professores, usando a meritocracia como base e estimulando o aluno a sempre ficar entre os primeiros. O resultado disso tudo em números, é que os três países estão entre os melhores avaliados no ranking de educação mais respeitado, o Pisa, no qual o Brasil se encontra na 57ª posição, entre 65 países.

Porém, não se trata de investir mais dinheiro e esperar que a melhora ocorra automaticamente, pois os Estados Unidos, por exemplo, é o país campeão em gasto por aluno e apenas oscila entre os medianos, na 29ª posição, no Pisa. Os países campeões souberam valorizar o professor, fazendo com que a carreira docente ficasse mais atraente e competitiva. O estudante finlandês que deseja ingressar na faculdade de pedagogia deve estar entre os 30% com as notas mais altas na escola (já no Brasil, o quadro é o inverso, pois os interessados em pedagogia são os 30% com as piores notas).

Na Coréia do Sul, o professor é visto quase como uma celebridade; ganha bem, porém é vigiado para que cumpra seu dever com excelência, na preparação do aluno para enfrentar a concorrência. Com isso, os alunos passaram a encarar a escola com mais dedicação, tendo em vista que o sistema só aprova quem aprende, e bem.

Para entender melhor esse sistema, Amanda acompanhou de perto os alunos americanos de intercâmbio em escolas da Coréia do Norte, Finlândia e Polônia. Notou que o rigor que impera nas salas de aula é o fator predominante para esse sucesso, seja dos alunos, que não faltam, realizam todas as tarefas, e assim por diante, como da por parte dos professores, que não são condescendentes com alunos que ficam para trás.

Amanda conta sobre uma conversa que teve com um professor que dava aulas para imigrantes, onde ele diz que não pensa na origem social e familiar dos alunos; apenas que tem que educá-los, pois se pensasse de outra maneira, daria notas melhores mesmo que o aluno não merecesse. Na Coréia do Sul, o rigor prevalece também, e por mais cruel que seja, funciona melhor que um sistema educacional indiferente. “As crianças aprendem a pensar criticamente, a argumentar e resolver problemas, ou seja, saem preparadas para o mundo moderno”, resumiu Amanda.

Em um diálogo entre a americana Kim, estudante de 15 anos e suas colegas na escola finlandesa, ela pergunta, espantada, o porquê de elas levarem os estudos tão a sério, e suas amigas, ainda mais espantadas, respondem: “De que outro jeito vamos conseguir nos formar, ir para universidade e arranjar um bom emprego?”.

Nos países campeões do ensino, o bom desempenho dos alunos não é obra do acaso. No livro de Amanda Ripley, aprende-se que isso é fruto de um sistema que tem como cultura e consequência alunos e professores altamente responsáveis. No final, há uma meta de um exame definitivo, que exige muita preparação. E, no início, um governo que enfrenta a própria inércia e interesses poderosos para, enfim, fazer a indispensável lição de casa. Já no Brasil, essa lição ainda está em branco, segundo Lizia Bydlowski.

 

Fonte: Lizia Bydlowski (Revista Veja, de 12.11.2014, p. 92-93)

Adicionar comentário


Conteúdo Relacionado