Canto da Chuva (iii): a professora e o rei

Este é o cantinho para relaxar um pouco...

A edição do Canto da Chuva desta semana traz um filme aclamado em várias plateias do mundo, um filme que veio direto dos quadrinhos, dica de um livro de como “empresariar” as relações familiares, o trecho de uma obra de Shakespeare e uma piada para descontrair seu dia.


CLAQUETE: Eu e o Rei (The King and I – Estados Unidos, 1956)

Essa obra, literalmente, encantou gerações e foi aclamada por todas as plateias do mundo. O filme foi baseado no livro homônimo de 1944, da escritora norte-americana Margaret Landon (1903-1993). A narração da história é oriunda do diário de Anna Leonowens, governanta e professora inglesa que educou os filhos do rei Mongkut, durante sua passagem (1862-1867) no Sião, atual Tailândia. Encantada com o país exótico, Anna vai conhecendo culturas e hábitos diferentes da Europa e se apaixonando pelo povo, inclusive pelo rei Mongkut. Além do romance que envolve a professora e o monarca, a trama baseia-se nas pressões internacionais europeias sobre se o Sião deveria ou não tornar-se uma colônia inglesa ou francesa. O rei Mongkut recebe embaixadores de vários locais do mundo e tenta impedir que o Sião se torne parte do império do Velho Mundo, como aconteceria com a Birmânia (hoje Myanmar) e a Indochina (depois Indochina Francesa, hoje Vietnã). No filme, Anna foi interpretada por Deborah Kerr, enquanto coube ao inesquecível Yul Brynner o papel do rei Mongkut, atuação que lhe rendeu o Oscar. O filme foi dirigido por Walter Lanh, e o roteiro é de Ernest Lehman. O livro também serviu de inspiração para outras duas versões cinematográficas: Anna e o Rei do Sião (1946) com Irene Dunne e Rex Harrison, nos papéis principais; e Ana e o Rei (1999), com as interpretações magníficas de Jodie Foster e Chow Yun-Fat. Na dúvida, assista aos três.

 

EM CARTAZ: As Aventuras de Tintin: O Segredo do Licorne

Críticos do mundo inteiro têm torcido o nariz para a adaptação de Tintin para as telas, mas não poderia ser diferente quando Hollywood inventa de transpor os universos paralelos dos quadrinhos para o cinema. As Aventuras de Tintin, clássico do belga Hergé (1907-1983) era um sonho antigo, tanto de seu criador, como do diretor Steven Spielberg, que assina a obra ao lado de Peter Jackson. O próprio Spielberg conta que Hergé, em pessoa, pediu para o diretor americano filmar sua obra, mas o cartunista não viveu para ver isso. O Segredo do Licorne é uma mescla da obra homônima e do Caranguejo das Pinças de Ouro, e chama atenção pelo realismo da animação e pela ação ininterrupta. No entanto, a trama não tem convencido muito os antigos fãs dos quadrinhos e do desenho animado. Para a visão de muitos críticos, o que salva é a atuação de Andy Serkis, como o estourado e fanfarrão Capitão Haddock. Ao lado do jovem jornalista Tintin (Jamie Bell) está o seu cãozinho Milou, os gêmeos detetives britânicos Dupont (Nick Frost) e Dupond (Simon Pegg). O roteiro é assinado por Steven Moffat, Edgar Wright e Joe Cornish. Para ver onde o filme está sendo exibido na sua região, acesse o site Cineclick.

 

PAPIRO: Bastidores da Empresa Familiar: Como Reduzir Conflitos por Meio da Governança Corporativa

A dica de livros desta semana é Bastidores da Empresa Familiar: Como Reduzir Conflitos por Meio da Governança Corporativa (Editora Atlas, 120 p.). As empresas familiares estão presentes no mundo todo e têm significativa participação global de todas as organizações existentes, sejam elas de pequeno, médio ou grande porte. Não obstante essa importância na economia, ocorre um fator muito significativo em relação à sobrevivência dessas empresas, que são os conflitos existentes entre os membros da família. O texto apresenta conceitos e análises sobre a teoria de empresa familiar, com destaque para governança e conflitos, dois exemplos de estudo de casos e modelo de redução desses problemas.

 

UM MOMENTO DE CULTURA: Henrique V

Henrique V: Formosa Catarina, muito formosa. Ensinareis palavras a um soldado, que convençam uma dama a aceitar seu amor eterno?

Princesa Catarina: Vossa Majestade rirá de mim. Não sei falar vosso inglês.

Henrique: Bela Catarina, se me amardes com vosso coração francês, ficarei feliz em ouvir-vos confessá-Io com seu inglês. Gostais de mim?

Catarina: Perdoai-me, não sei o que é "gostais".

Henrique: Vós sois como um anjo, Catarina.

Catarina: Está dizendo que pareço um anjo?

Dama Alice: É exatamente o que está dizendo a Vossa Graça.

Catarina: Meu Deus! A língua do homem diz muitas mentiras.

Henrique: O que disse ela? Que a língua do homem diz muitas... mentiras?

Alice: Sim, que a língua do homem diz muitas mentiras. Assim disse a princesa.

Henrique: Meu galanteio está de acordo com tua compreensão. Não conheço palavras de amor, só sei dizer: “Eu te amo”.  E não saberia dizer nada além de: "E tu”? Dá-me tua resposta e concluído estará o negócio. O que dizes?

Catarina: Compreendo-vos bem, Vossa Alteza.

Henrique: Se quiserdes que eu faça versos ou dance, estou perdido. Se pudesse conquistar uma dama pulando na sela de armadura... Iogo teria uma esposa. Mas falo como um açougueiro e ajo como um tolo. Mas, perante Deus, Catarina, não sei parecer ingênuo... não sei suspirar nem protestar com habilidade. Se podes amar alguém que não olha no espelho por amor de quem ali vê. Deixai teu olho ser teu cozinheiro. Falo como soldado. Se podes me amar como sou, aceita-me. Se não podes, morrerei. Mas não de amor por ti. Por Deus, não. Contudo, eu te amo. Se queres alguém assim, aceita-me. Ao aceitar-me, aceitas um soldado. Ao aceitar um soldado, aceitas um rei. Qual é a tua resposta ao meu amor? Dize-me, minha formosa. Peço-te uma bela resposta.

Catarina: É possível que eu deva amar o inimigo da França?

Henrique: Não, Catarina. Não é possível que devas amar o inimigo da França. Mas, amando-me, estarás amando o amigo da França. Pois amo a França e não descartarei um só povoado dela. Quero-a toda. Quando a França for minha e eu for teu... tua será a França e tu serás minha.

Catarina: Eu não entendo.

Henrique: Não? Eu te direi em francês. As frases ficarão penduradas na língua... como uma recém-casada no pescoço do marido. ‘Quando eu tiver a França... e quando tu tiveres a mim...’ Deixa-me ver. ‘Então, tua será a França... e tu serás minha’. Para mim, é mais fácil conquistar um reino do que falar francês. Em francês, só farei com que rias de mim.

Catarina: Com vossa permissão... vosso francês é melhor que o meu inglês.

Henrique: Por minha palavra, não é. Mas diga-me, sabes inglês o bastante para entender esta pergunta? “Podes tu me amar”?

Catarina: Não sei dizer.

Henrique: Perguntarei a teus vizinhos, então. Por minha honra, juro que te amo. Eu não ousaria jurar que tu me amas. Mas começo a acreditar que tu possas me amar... apesar do efeito pouco tentador de meu rosto. Maldita seja a ambição de meu pai! Pensava em guerras civis ao gerar-me. Fui, portanto, criado com cara de teimoso e um aspecto de ferro. Quando cortejo as damas, elas se assustam. Mas, à medida que for envelhecendo, minha aparência melhorará. Meu consolo é que a velhice, que compromete a beleza, pouco afetará o meu rosto. Se ficares comigo, ter-me-ás em minha pior fase. Mas, cada vez mais, irás acostumando-te comigo. Portanto dize-me, formosa Catarina, tu me aceitas? Responde com fragmentada música. Pois tua voz é música, e teu inglês, fragmentado. Assim sendo, Catarina, rainha das rainhas, tu me aceitas?

Catarina: Se isso agrada ao rei, meu pai.

Henrique: Agradará muito a ele, Catarina. Agradará a ele.

Catarina: Então agradará a mim também.

Henrique: Beijo, então, tua mão... e te chamo de minha rainha.

Catarina: Deixai-me, senhor! Não quero que rebaixeis vossa grandeza. Beijando a mão de uma vossa indigna servidora. Desculpai-me, eu vos peço, meu poderoso senhor.

Henrique: Então beijarei teus lábios.

Catarina: Damas não beijam antes do casamento. Não é o costume na França.

Henrique: Senhora intérprete, o que disse ela?

Alice: Que não é costume das damas na França... Não sei como se diz "baiser" em inglês.

Henrique: Beijar?

Alice: Vossa Majestade entende melhor que eu.

Henrique: As donzelas da França não se deixam beijar antes do casamento?

Alice: Isso mesmo.

Henrique: Oh Cat... Os costumes cedem perante grandes reis. Não podemos confinar-nos na lista de costumes de um país. Nós somos os criadores das boas maneiras, Catarina. Portanto, pacientemente cede. Nos teus lábios há feitiçaria, Catarina. Há mais eloquência no doce contato deles do que em todas as bocas do Conselho da França. Aí vem teu pai...

Trecho do filme Henrique V (Henry V – Reino Unido, 1989), baseado na obra de William Shakespeare (1564-1616). Nesta cena, o rei inglês Henrique V (1387-1422) tenta conquistar sua prima, a princesa Catarina de Valois(1401-1437) , da França, logo depois de os britânicos terem vencido a Batalha de Azincourt, em 1415. O ator Keneth Branagh dirige e interpreta o famoso rei inglês e Emma Thompson faz o papel de Catarina.

 

PIADAS E ANEDOTAS:

Depois de o aluno errar 10 perguntas seguidas num exame oral, a professora perde a esportiva e chama a servente da escola.

- Dª Maria, por favor, me traga um feixe de capim.

E o aluno, "na bucha":

- E para mim, um cafezinho.

 

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