À luz da canção

Alguns momentos para reflexão

Suzana Ziareski

Caso não saibam, há um piano na entrada da Estação Luz do Metrô, em São Paulo. E tal “notícia” nem é tão interessante, mas quando passei por ele, nesse fim de tarde e ouvi a música que estava sendo tocada, naquele momento, tive alguns pensamentos que compartilho agora com vocês.

Todos os dias, em nossas idas e vindas estamos preocupados com os horários que temos que cumprir, com as ruas que temos que evitar para não ficarmos parados no trânsito, com o lugar no metrô que gostaríamos de nos sentar, com a hora que temos que chegar em casa, e muitos detalhes nos passam desapercebidos.

Então, vamos refletir.

Por que temos que trabalhar?

Claro, sabemos que temos que pagar nossas contas, mas será que é só isso?

Passamos horas na companhia de pessoas que não são de nossa família. Almoçamos, contamos piadas, choramos, discutimos com elas, aprendemos, ensinamos, trocamos experiências e crescemos juntos. Portanto, trabalhar não é apenas um meio para conseguir pagar as contas, mas uma maneira de encontrarmos as pessoas com as quais convivemos. O local de trabalho determina com quais pessoas vamos nos relacionar. A maioria dos relacionamentos amorosos e de amizade começa no trabalho. Se pensássemos nisso com mais sensibilidade, não nos entristeceríamos diante de uma recusa num emprego novo, por exemplo, pois poderíamos apenas pensar: “Então, não é aqui que encontrarei meus futuros amigos, ou talvez, meu próximo amor”.

E por que temos que chegar em casa?

Claro, é para nos alimentarmos, descansar e nos preparar para um novo dia. Isso me parece tão frio.

Cada dia é diferente, cada refeição em família vai registrar na memória dos que participaram dela uma cena diferente. Cada vez que chegamos em casa cumprimentamos os “nossos” de maneira diferente. Os dias passam rápidos e seria muito mais caloroso se chegássemos em casa e víssemos aquele dia como se fosse o único, o que afinal é. E assim, poderíamos registrar na memória das pessoas que amamos mais momentos felizes.

Passei em frente ao piano e ouvi a música, fui mais perto e vi uma cena que me emocionou: uma família de mãos dadas ouve a música, enquanto uma multidão de apressados passa e nem percebe a importância daquele momento para as pessoas daquela família. Garanto, essa cena vai ficar na minha memória por muito tempo. Imagino para eles.

Comentários   

0 # Vanessa Camillo 17-05-2013 18:15
Linda crônica! Adorei a sensibilidade para as coisas do cotidiano, que me fez pensar que se olharmos de uma forma "diferente" não é tão cotidiano assim. Parabéns!
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