Professores da rede pública dão aulas com diplomas falsos em São Paulo

O trânsito de documentos é complexo e burocrático, o que dificulta a verificação

Em reportagem de Paulo Saldaña, do jornal O Estado de S. Paulo, foi apurado que 19 professores, sendo 10 concursados e nove temporários, atuavam na rede de ensino da Prefeitura de São Paulo com diplomas falsos, até serem descobertos e exonerados. Na maioria dos casos, os acusados deram aulas por poucos meses, mas alguns permaneceram nas instituições por até três anos.

Há casos semelhantes nos municípios vizinhos e na rede estadual. Professora de Matemática da rede estadual, numa escola da Vila Matilde, zona leste de São Paulo, M.N.R. passou no concurso da prefeitura em 2005, mas a Secretaria da Educação descobriu que a titulação era falsa. O caso ficou parado até 2008, período em que a docente manteve-se na ativa, até ser cassada pelo Departamento de Processos Disciplinares (Proced).

"Ela é brava, mas é boa professora", informou um aluno de 13 anos que tem aulas com ela na 8.ª série. Ao ser procurada pela reportagem do Estadão, a docente desligou o telefone, sem antes deixar de gritar com o repórter, "Vocês não têm o direito de tocar nesse assunto". O caso será mais uma vez apurado pela Secretaria de Educação.

Já a professora R.S.G., de 57 anos, que também perdeu o cargo na prefeitura, admitiu que pagou pelo diploma falso, para conseguir dar aulas. "Estava desesperada e precisava de dinheiro. O cargo (de professora de desenvolvimento infantil) pedia diploma de magistério e eu não tinha. Então procurei uma pessoa no centro da cidade e comprei. Foi desespero, errei”, disse. R.S.G. teve seu caso exposto em 2004, conseguiu dar aulas por seis meses, até ter a posse cancelada em 2005.

Atualmente, ela é diretora de uma escola municipal no Parque Brasília, em Guarulhos, ocupação desde antes de 2004. Indagada se o diploma que usou para efetivar-se no cargo também é falso, defendeu-se: "Tenho diploma de Pedagogia, certinho, só comprei aquele", sentenciou. Em sua escola, ela é conhecida por outro nome, e afirmou que é graduada em Pedagogia pela Universidade de Guarulhos (UnG). A UnG disse que ela foi estudante, mas não confirmou se a professora concluiu o curso. A prefeitura informou que averiguará o caso.

O presidente da Comissão de Direito Administrativo da Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo (OAB-SP), Adib Kassouf Sad, afirmou que os dados apurados ainda são poucos diante da atual situação de ensino. “As secretarias são vítimas, mas lamentavelmente os casos não são isolados. O trânsito de documentos é complexo e burocrático e fica muito difícil ter certeza absoluta da validade de todos”, reconheceu. Para ver a matéria completa, acesse o site do Estadão.

Fonte: Estadão.com.br

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